fbpx

Povos e Territórios

O Raízes do Purus apoia, desde as duas etapas anteriores, os povos Apurinã, Deni do Xeruã, Jamamadi e Paumari do rio Tapauá na gestão e proteção de seis Terras Indígenas no sul e sudoeste do Amazonas. Na terceira fase do projeto, os povos Banawa e Kanamari do Xeruã, que ainda não têm planos de gestão, serão gradualmente envolvidos, por meio de pequenos apoios e incentivos a intercâmbios e trocas de experiências com iniciativas de manejo dos povos indígenas vizinhos.

Apurinã

O povo Apurinã vive em diversos municípios do Amazonas. Em Lábrea, moram principalmente na Terra Indígena Caititu, a primeira a ser demarcada na região, em 1991. Apesar de muito conservado e rico em recursos naturais, o território é impactado pela proximidade com a área urbana. O extremo norte da terra está localizado a apenas 1,5 quilometros do centro de Lábrea, e apresenta grande concentração de aldeias. Nos últimos anos, os Apurinã vêm planejando o uso da terra de forma coletiva. O povo elaborou um etnomapeamento do território, e tem se dedicado à implementação de unidades de sistemas agroflorestais, além da produção de farinha, de açaí e outros alimentos em menor escala. Os Apurinã são referência na região na coleta de castanha-do-Brasil, melhorando o trabalho a cada ano por meio de boas prática.

Paumari do rio Tapauá

O povo Paumari do rio Tapauá vivenciou por mais de um século os sistemas de comércio informais, em que, sem ter benefícios justos, forneciam e facilitavam a exploração de pescado da região onde vivem historicamente para centros urbanos do Amazonas. Buscando mais qualidade de vida, em 2009, o povo Paumari das Terras Indígenas Paumari do Lago Manissuã, do Lago Paricá e do Lago Cuniuá, deu início à elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) e ao manejo sustentável de pirarucu, atividade que tem como pré-requisito a conservação ambiental, sendo necessária para tal a organização da comunidade. Com poucos peixes nos lagos, os Paumari decidiram ficar cinco anos sem permitir a pesca de pirarucu a comerciantes externos, entre eles barcos pesqueiros. Nos anos seguintes, fortaleceram a vigilância territorial, conseguindo, do início da atividade até os dias atuais, um aumento de 631% nos estoques de pirarucu em 16 lagos monitorados no período.

Jamamadi

Buscando se proteger de não indígenas, os Jamamadi, à época do contato, foram morar em terra firme, mais afastados dos rios. Em 1998 conseguiram a demarcação da TI Jarawara/Jamamdi/Kanamanti. Durante a primeira edição do Raízes do Purus, os Jamamadi elaboraram seu Plano de Gestão Ambiental e Territorial, com acordos coletivos sobre o uso de recursos (compartilhados com o povo Jarawara) e o que pretendem conquistar para melhoria de sua a qualidade de vida. O etnomapeamento desta área mostra o quanto este povo conhece e faz uso do seu território. O povo Jamamadi sempre teve grandes roçados que aprenderam a fazer com os antigos. São bastante reconhecidos pelo artesanato com cipó titica e talos de arumã. Sempre comercializam alguns cestos quando vão à cidade de Lábrea, onde têm maior contato com outros povos indígenas e a população em geral. O povo Jamamadi também se destaca pela extração de óleo de copaíba, produzindo mais de duas toneladas por ano deste óleo, de forma sustentável.

Deni do rio Xeruã

Ao longo de décadas, a extração do látex da seringa, a exploração madeireira e o comércio ilegal de peles de animais, permeou a vida do povo Deni, em relações econômicas desiguais e predatórias com os não-indígenas. Após 15 anos desde a primeira iniciativa do governo brasileiro para a identificação da sua terra, no início dos anos 2000 os Deni passaram a pressionar o Estado por meio da autodemarcação de seu território. Em 2004, finalmente houve a homologação da TI Deni. A elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental, entre 2009 e 2012, fortaleceu ainda mais a autonomia dos indígenas ao contribuir com o estabelecimento de acordos coletivos para uso dos recursos do território. Os Deni passaram a incorporar ao seu cotidiano novas estratégias de conservação e manejo dos recursos naturais, como o manejo de pirarucu. Associado à vigilância, o manejo vem contribuindo para a proteção da terra Deni.

Territórios

As seis Terras Indígenas abrangidas pelo projeto constituem, em conjunto, um cinturão de mais de dois milhões de hectares de florestas protegidas no sul e sudoeste do Amazonas, regiões de interface entre os estados do Acre e Rondônia, para onde avança o arco do desmatamento. As projeções para a região indicam risco não apenas à sua grande diversidade biológica, rica em espécies endêmicas de extrema relevância para a conservação, mas também às florestas, e à enorme diversidade sociocultural.

Terra Indígena

Paumari do lago Manissuã

Área: 23 mil ha


Paumari do lago Paricá

Área: 16 mil ha


Paumari do Cuniuá

Área: 43 mil ha


Caititu

Área: 308 mil ha


Deni

Área: 1531 mil ha


Jarawara/Jamamadi/Kanamanti

Área: 390 mil ha